A Visão de Mundo

Vivemos em um mundo onde a desconexão tornou-se normal. Tudo é visto como objeto, recurso, ferramenta — inclusive o próprio ser humano. Mas a Bruxa caminha na contramão. Ela (ou ele) vê o sagrado em tudo: na pedra silenciosa, na raiz que rompe o solo, no musgo que cobre a ruína, na criança que respira pela primeira vez e no idoso que devolve seu último suspiro ao Vento.

“Não há caminho para o sagrado. O sagrado é o próprio caminho, quando os pés tocam a terra com reverência.”

Na Wicca Algard, não há céu ou inferno, recompensa ou castigo, nem mesmo um depois. Não há alma presa em ciclos de provas. Não há pecado, culpa ou elevação.

Há presença, ciclo, mudança. E há uma certeza profunda: o divino está aqui

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🌿 Imanência: o Divino Habita o Mundo

Ao contrário de muitas doutrinas que apontam para um deus distante, transcendente e fora da realidade, a Wicca Algard afirma: o divino é imanente.

A Deusa e o Deus não estão acima de nós. Eles estão em nós. Estão no calor do sol sobre a pele, no frio da pedra tocada com os pés descalços. Estão no desejo que pulsa no corpo, na lágrima que escorre sem razão. Estão na dança dos elétrons, na floresta, no sal do mar. Tudo que existe é expressão do Todo, você, eu, os animais, somos todos expressões da o divino, vivos, em vibração, em movimento e em constante transformação.

Não há separação. Não buscamos nos elevar, mas nos reconhecer. Não buscamos luz, mas a inteireza — sombra e claridade, silêncio e canto, morte e nascimento.

🔥 O Ciclo Eterno: Vida, Morte e Transformação

A vida não é uma escada. Não há degraus a subir, nem estágios de evolução.

A vida é uma roda. Tudo gira, morre, se transforma e renasce em novas formas.

Na morte, não levamos a consciência para um novo corpo. Na Wicca Algard, não há a crença na reencarnação pessoal da identidade ou ego. O que somos — o nome, o rosto, as lembranças — retorna à Terra como energia mutável e sagrada. Dissolvemo-nos em átomos, vibrando, pura energia no ventre da Deusa e do Deus, onde Sol e Lua se unem no céu eterno. Lá, não há tempo, nem noite, nem dia — apenas o Todo.

Nossa essência se espalha como pólen no vento: pode tornar-se o riso de uma criança, o broto de uma árvore, o aroma da chuva na terra seca. Somos eternos, mas não como indivíduo — e sim como parte do grande ciclo que nunca termina.

🌕 Um Mundo Vivo, Não Uma Ilusão

Na visão wiccana algardiana, o mundo não é ilusão, nem castigo, nem provação. Ele é real, sagrado, vivo. Não queremos escapar da matéria — nós a reverenciamos.

Patricia Crowther dizia que a matéria é uma manifestação da Deusa, e que negar o corpo é negar a própria Deusa. Starhawk reforça: “o corpo é o altar do espírito”. E na Algard, reformulamos: o corpo é o altar da Deusa e do Deus — templo vivo onde habita a força da criação, a essência do Todo, do universo dentro de si.

A Natureza é a nossa escritura sagrada.

🌊 O Todo: um Universo de Formas Mutáveis

Nada é estático. Tudo se transforma. Esse é o ensinamento mais profundo da Wicca Algard.

Você é a folha que cai, o animal que corre, a chuva que escorre. Você é o outro. Você é o que foi e o que virá. A visão algardiana nos liberta da prisão da identidade e nos devolve ao coração do mistério: o Todo está em tudo, e tudo está em constante dança.

Gerald Gardner dizia que o saber da Bruxa é o saber da natureza. E nós completamos: o saber da Bruxa é o saber do próprio universo — não como teoria, mas como vivência.

✨ Ritualizar para Reconhecer

Cada rito, cada Sabá, cada Esbá é um lembrete: você já é sagrado. Não invocamos forças distantes — apenas relembramos o que já está presente.

Por isso, nossos rituais não são súplicas, nem barganhas, nem promessas. São reencontros. São danças em círculo, como o movimento da Terra ao redor do Sol. São velas acesas no escuro para lembrar que a luz mora dentro. São palavras sussurradas ao vento, não para que Ele nos ouça, mas para que nós o escutemos.

Não buscamos transcender — buscamos habitar. Não buscamos fugir da dor — buscamos sentir com consciência. Não buscamos alcançar os Deuses — buscamos despertá-los dentro de nós.

Você é o Templo. A Terra é o Altar. A Vida é o Rito.