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A História da Bruxaria em Três Tempos


Quem foi a primeira bruxa? Quando foi que ela viveu? Quem deu inicio às tradições?

Não podemos saber com exatidão, tudo o que temos são resquícios pré-históricos que atribuímos às primeiras formas de culto à divindades, à natureza ou expressões artísticas envolvendo vontades, desejos e porque não já definirmos como magia? Seria o domínio do fogo o primeiro passo para compreendermos e dominarmos a natureza, seus elementos e energias até então temidas, não compreendidas e devastadoras para nossos ancestrais?



Pinturas Rupestres poderiam facilmente ser formas de sigilos mágicos para bons resultados em caçadas e buscas por alimentos e territórios, os primeiros registros do culto e da importância do fogo para estes povos e o primeiro passo para tudo o que vivenciamos em todos os momentos da história ate hoje.

Cerca de 60 milênios atrás já possuíamos ritos funerários, bom pelo menos nossos parentes Homo sapiens já possuía o costume de enterrar seus mortos, mas não somente isso, encontramos indícios que denotam uma crença em pós vida, pois eram enterrados com objetos pessoais, armas, tinturas em suas vestes e pele e pequenas esculturas com formas animais e fálicas. Seria ali o nascimento do conceito de alma? O nascimento da religião? O nascimento do xamanismo totêmico? Não vejo porque não, e mesmo assim ainda não podemos afirmar ser ali o início disso, podem ainda surgir mais sítios e evidências mostrando coisas ainda mais antigas e desconhecidas de nossa jornada neste planeta.

Expressões artísticas se mostraram presentes em todas as culturas antigas, e os primeiros registros de um culto, desejo ou admiração às mulheres vemos em estatuetas de Vênus de Willendord, que datam de 28 a 22 milênios antes da era comum, mostrando corpos femininos com grandes quadris e seios fartos como se quisessem registrar a importância da mulher e a capacidade de gerar uma nova vida em seu ventre.

Podemos presumir que essa jornada de descobertas, de enfrentamento da natureza foi algo assustador aos primeiros humanos, o desconhecido e selvagem, a luta pela sobrevivência do mais forte moldando cada geração e direcionando a humanidade futura para as diferentes crenças e formas de culto que se estabeleceram pelo mundo inteiro. A Natureza assustadora que podia ceifar a vida com o frio, com catástrofes ou por ataques animais e doenças e mesmo assim tão bela e delicada que podia fornecer alimento, abrigo, remédios e calor, aos olhos dos humanos pode ter moldado o conceito de divindade de nossos ancestrais e lhes dado seus primeiros deuses e deusas como manifestações dessa natureza que podiam estar felizes ou zangadas de acordo com o que os humanos a oferecessem.


Não muito tempo depois temos o domínio da agricultura, ficando menos difícil sobreviver no mundo e isso foi crucial para estabelecer sociedades mais complexas e organizadas, incluindo a religiosidade. Formam-se os panteões pelo mundo, os deuses do Egito, da Grécia, da Irlanda e por toda a parte. Nessas sociedades sempre houve destaque para aqueles que compreendiam a natureza e conversavam com seus espíritos, seja para acalmá-los, para pedir auxílio nas plantações ou nas chuvas, ou para predizer os tempos que viriam. As bruxas(veja que usamos o termo sem gênero como já mencionamos em outro artigo, o termo vale para homens também) sempre foram mais requisitadas, necessárias e respeitadas do que temidas pela sociedade. Reis, Sacerdotes, Políticos, Governantes de todas as formas e níveis buscavam pelos conselhos, feitiços e curas de bruxas. Mas este cenário mudou com o cenário mundial com o nascer e crescimento de uma nova religião.



Com o surgimento das primeiras formas de Cristianismo, vamos vendo mudanças na história, enquanto o Cristianismo se formava e crescia, a natureza e sobre tudo o feminino é visto como algo errado e não natural aos desejos do novo deus.

No ano de 197, Tertuliano coloca a mulher como um ser inferior e culpada pelos pecados dos homens. Em 325 o Cristianismo nasce oficialmente pelo Concílio de Niceia quando o Imperador Constantino, o primeiro imperador cristão em Roma, declara a natureza divina de Jesus Cristo. Em 900 Regino de Prüm afirma que mulheres são casadas com o diabo e dançam a noite com a deusa Diana (que agora é vista de forma demonizada, como os demais deuses e deusas até então venerados). Em 1022 vemos o prelúdio de uma histeria vindoura, as primeiras pessoas são mortas pela igreja sob a acusação de heresia contra a igreja, havia uma mulher entre eles e então se estabeleceu o estereótipo de "Bruxa" sendo velha, que se deitava em orgias com o diabo, que matava crianças em rituais canibais e outros estereótipos do gênero. Em 1231 é regulamentada a lei da inquisição papal, onde a igreja autorizava o Estado à executar pessoas por heresia, falta de fé cristã ou negar qualquer costume cristão. Em 1324 temos a primeira caça à uma bruxa, bom de fato nunca foi comprovado que Alice Kyteler fosse bruxa, ela foi acusada de praticar bruxaria e matar seus quatro maridos, enriquecer através de pactos satânicos e conspirar contra a igreja. Ela fugiu para Irlanda onde provavelmente passou o resto da vida, onze pessoas foram mortas nesta caça. Em 1400 se inicia uma histeria sem precedentes, é iniciada a caça às bruxas na Europa, em 1486 é publicada pela primeira vez o mais completo manual de identificação, tortura e execução de bruxas, o Malleus Maleficarum, dando mais força ao estereótipo e aversão às bruxas, ou melhor, a praticamente qualquer um que andasse fora da linha da igreja, sobretudo as mulheres. Essa histeria perdurou de forma dura e constante até meados de 1700 resultando em mais de meio bilhão de mortos, entre eles homens, crianças e a maior parcela, cerca de 85% destes mortos, mulheres. Animais também foram acusados e executados na inquisição. Entre os anos de 1692 e 1693 tivemos o caso mais famoso de caça as bruxas, na cidade de Salem em Massachusetts cerca de 200 pessoas foram acusadas de praticar bruxaria quando as acusações sem provas de uma criança foram ouvidas pela igreja e levou 19 pessoas à forca e à fogueira, sendo apenas 6 confirmadas de serem bruxas posteriormente, o que não justifica nenhuma das sentenças, claro. As execuções continuam até os dias de hoje, sejam por julgamentos populares influenciados por boatos, medo e preconceito, até por culturas regionais extremistas.

O Mundo já estava mais tranquilo quanto ao ocultismo, na história da magia em geral temos diversos outros personagens modernos apresentando trabalhos e estudos ao mundo, novas ciências, novas tecnologias, novo tudo após séculos de escuridão. Em 1951 a Inglaterra assina a lei antibruxaria, apenas alguns meses após a última execução por bruxaria feita de forma oficial pela igreja, essa lei foi importante para todo o futuro das bruxas e das novas gerações que viriam. Gerald Gardner foi corajoso em dar o primeiro passo publicamente a apresentar-se como praticante de bruxaria e mostrar ao mundo uma nova antiga religião, a Wicca, uma nova religião baseada em estudos de antigas religiões e práticas, a Bruxaria Moderna, um passo arriscado mas muito bem arquitetado por Gardner para apresentar sem chocar ou ofender, e deu muito certo, não muito tempo depois a wicca estava nas mídias, sendo procurada por famosos e pessoas influentes, e claro começaram a surgir novas formas e adaptações, como a Wicca Alexandrina, de Alex Sanders que estudou as práticas de Gardner e fez sua própria forma de Wicca.

Nossa história hoje, é resultado de cada passo dado no passado, em 1972 Mary Nesnick, que estudou as práticas wiccanas de Gerald Gardner e Alex Sanders e seus membros, criando após alguns anos a Tradição de Bruxaria Moderna Algard.



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